quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Entrevista com Paulo Ciranda co-autor da música Alma Lavada.

Um artista que caminha pela terra, lavrando sua música, mostrando sua arte e, sobretudo, participando da vida musical brasileira, a partir de seu cantinho, onde vive, em Itaipu, Niterói. Nascido em São Fidelis, Paulo Ciranda sempre primou por boas parcerias, dentre os quais, se destacam: Artur Gomes, Byafra, Chris Herrmann e Marco Valença.  
Sobre ele, a musicista e poeta Chris Herrmann, escreveu: 
"Paulo Ciranda é um dos compositores mais incríveis e fascinantes que tive a oportunidade de conhecer. E que voz maravilhosa... Um privilégio ter sido sua parceira em várias canções. Ele parece ser feito de música em cada célula do seu corpo e de sua alma."
Vamos, então, conhecer um pouco mais sobre este artista singular, nesta entrevista que inaugura os 10 anos do projeto Cinema Possível, com o lançamento da música Alma Lavada!

Paulo Ciranda, curtindo a paz em Itaipu, Niterói - RJ
Cine Clipe Musical 
- Fale como você começou sua vida artistica?

Paulo Ciranda - Que eu me lembre, lá pelos 8 anos de idade, brincando sozinho jogando uma bola furada na parede, comecei a perceber que cantava e assobiava coisas que nunca tinha ouvido, aquilo virou habitual, algumas melodias eu guardava de tanto repetir, outras eu esquecia.
Aos 9 anos, meu irmão mais velho, o Zilmar, que era técnico de gravação da gravadora Odeon, levou em nossa casa lá em São Fidélis, norte do RJ, o Iam Guest (professor, compositor, enfim um catedrático da música), ele me deu uma flauta doce de madeira e me ensinou a tocar umas músicas folclóricas, foram embora pro Rio e voltaram depois de uns 6 meses, eu já estava fazendo arranjos nas músicas que o meu outro irmão Carlinhos tocava no violão. Nesse mesmo ano fiz minha primeira apresentação numa festa do grupo escolar Barão de Macaúbas, cantando a música “A Banda” de Chico Buarque, acompanhado pelo grande violonista fidelense Carlos Alfredo.  (até aqui, respondi a primeira pergunta, mas viajei a seguir contando o seguimento da história até um certo ponto)
Continuei a brincar, cantar e assobiar coisas estranhas, até que lá pelos 12 ou 13 anos comecei a tocar violão que o Carlinhos me ensinou algumas notas.
Um dia, alguém levou na minha casa o poeta Antonio Roberto Fernandes  para  conhecer minhas músicas, ele foi com um gravador cassete, gravou e fez letras para 5 músicas, 1 ano depois, entramos no Festival de música de São Fidélis, ficamos em 4º e 5º lugares com as músicas "Ciranda" e "Lagosteiro". Daí  pra frente foram muitos festivais em várias cidades da redondeza e até no Rio de Janeiro. Aos 16 anos fui fazer o 2º grau em Campos dos Goytacases e comecei a parceria com o Artur Gomes; também participamos de muitos festivais. Fiz músicas pra peças de teatro, participei de um jogral junto com o saudoso Kapi que também dirigiu nosso primeiro show no Teatro de Bolso.
Fui pro Rio estudar engenharia, fiquei só 1 ano na faculdade. Larguei e fui pra São Paulo morar com o meu irmão, Zilmar, e estudar música (flauta transversa), conheci o grupo “Terra Sol” do qual vim a fazer parte no final da década de 70 até 1980; fazíamos apresentações em todo o estado SP pela secretaria de cultura. Participamos do programa FM Inéditos da rádio Eldorado e muitos outros eventos.
Voltei pro Rio em 1981,  conheci o Byafra que gravou a música “Ave da Paz”, parceria que fiz com o Artur Gomes, a música não fez sucesso, passei 2 anos brabos, vivendo com a ajuda de amigos.
Em 1983, Byafra estourou uma música que fizemos juntos “Aguardente”. Na época ganhava-se um dinheirinho melhor com direitos autorais e execução em rádio e TV; deu até pra eu comprar uma casinha em Itaipu-Niterói. Mas só deu pra casa, ficou faltando a estrutura, então voltei a dar aulas e tocar aonde dava pra ganhar o “que houver” (couvert) rsrs. Houve um período em que eu vivia com a artista plástica Milena Baul Azevedo, que tivemos que fazer biscoitos amanteigados, pães, panetones e otras cositas más para sobrevivermos...

CCM - Fale um pouco da música "Alma Lavada" e também da sua parceria com Marco Valença.

PC - É uma entre as 200 parcerias que tenho com o poeta Marco Valença, não tenho mais o que dizer além do que já está na letra da canção... Nosso amor tem de ser de lavar a alma, de lavar a roupa suja, sem dita dor, sem dita cuja, nosso amor tem que haver... Ele me manda letras ou poemas que raras vezes mexo em alguma coisa, mais para encaixar na métrica musical, às vezes fazemos o contrário, eu mando as melodias e ele encaixa as palavras.

Uma vida plena de arte, muita luta e significado.
CCM  - Como você o panorama da música hoje, face à sua geração. Alguma coisa mudou?

PC- Tudo muda constantemente, a gente tenta se adaptar um pouco, mas tem coisas que são impossíveis, pelo menos pra mim. Meu panorama hoje para divulgação do meu trabalho, está limitado à Internet e escassas apresentações em reuniões promovidas por amigos e centros de cultura.

CCM - O que um artista precisa fazer ser reconhecido no seu trabalho, na sua linguagem?

PC- Ser verdadeiro. Em outras palavras, acima de tudo ser ele mesmo.


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Paulo Ciranda, é o meu primeiro e grande parceiro.
com ele minha poesia começou a se transformar em palavra cantada,
e com ele fui premiado em todos os Festivais de Música
que aconteceram em cidades do Estado do Rio
nas décadas de 70/80. E continuando nossa parceria
brevemente lançaremos um CD que
se encontra em fase de produção.

Artur Gomes - Peta e Produtor Cultural

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CCM - O que você teria a dizer para os jovens músicos, as novas gerações?


"Turma do Campo", num almoço preparado por sua mãe, durante o Festival de Música de São Fidélis - 1974.
PC - Tá difícil dar conselho para novas gerações, mas se o talento é nato, não tem outro jeito senão acreditar em si e ir à luta.

CCM - Quem é Paulo Ciranda por Paulo Ciranda?

PC - Um louco sonhador viajante do bem.

Veja o Videoclipe

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